O vírus é algo que, não sendo nem vivo nem morto, invade um corpo – individual ou social – para arrancá-lo da normalidade e desafiar suas potências. Nesse sentido, a filosofia, esse pensamento carente de fundamentos últimos – porque sempre mutantes – pode ser entendida como um agente viral capaz de contribuir para o desafio de compreender e agir em um presente como o nosso, quando atingimos uma zona de indeterminação que parece se renovar a cada dia. Só o pensar crítico-filosófico é capaz de ir além das narrativas convencionais que veem na atual pandemia do COVID-19 um problema médico-sanitário e econômico e nela enxergar o que de fato é: uma intrusão totalizante e incomensurável na rotina do planeta, que pode dar lugar a uma nova ética do comum e do cuidado ou a um enorme dispositivo biopolítico à disposição dos governos e dos mercados para o incremento do controle e do disciplinamento. Diante desse cenário em que o futuro está suspenso e permanecem abertas as possibilidades de destituição do capitalismo ou de seu aprofundamento, tanto em sua versão neoliberal ocidental quanto em sua versão autoritária-algorítmica oriental, este livro pretende ler a pandemia a partir de sua inadequação em relação às díades que marcam nossa experiência, tais como natureza e cultura, indivíduo e sociedade, vida e morte etc. Para tanto, são discutidas algumas das recentes interpretações filosóficas dedicadas à pandemia, de modo a destacar sua insuficiência quando confrontadas com o radicalmente novo, que só pode ser entendido a partir de uma consideração de seu caráter agenciador de subjetividades. Isso quer dizer que, mais do que uma doença do corpo, a pandemia tem se mostrado como um limite imposto ao pensar que é preciso superar. Espalhando-se graças à logística e às redes globais do capital, a pandemia coloniza os afetos, impondo medo e pânico onipresentes dos quais pode resultar uma completa reorganização mundial sob o signo hobbesiano da segurança, em especial considerando a desigual distribuição dos riscos entre ricos e pobres, jovens e idosos, Norte e Sul. Dessa maneira, para enfrentar a pandemia é necessário – além de médicos, hospitais, drogas e medidas de segurança – atingir um estado de clareza mental que só uma filosofia da vida – e não simplesmente sobre a vida – pode constituir, indicando as zonas de fuga, as dimensões biorresistentes e as formas de eclosão de uma bioemergência que nos exige que mutemos, como fazem os vírus, para que possamos sobre/viver.
Brochura: 96 páginas
ISBN-13: 9786586598056
Dimensões do produto: 12 x 19 x 2 cm
Editora: Glac; o vírus como filosofiaª edição (16 outubro 2020)
Idioma: Português, Português
Parcelas | Total | |
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1 x | de R$41,00 sem juros | R$41,00 |
2 x | de R$22,07 | R$44,13 |
3 x | de R$14,93 | R$44,78 |
4 x | de R$11,36 | R$45,45 |
5 x | de R$9,21 | R$46,05 |
6 x | de R$7,77 | R$46,60 |
7 x | de R$6,72 | R$47,04 |
8 x | de R$5,96 | R$47,65 |
9 x | de R$5,36 | R$48,25 |
10 x | de R$4,86 | R$48,65 |
11 x | de R$4,48 | R$49,25 |
12 x | de R$4,16 | R$49,86 |
1 x de R$41,00 sem juros | Total R$41,00 | |
2 x de R$20,50 sem juros | Total R$41,00 | |
3 x de R$13,67 sem juros | Total R$41,00 |