Eu escrevo todos os dias. Bilhetes dentro dos livros, restos de pensamentos em folhas esquecidas em cima da mesa, lembretes no vapor do chuveiro e palavras digitadas aqui nesse espaço que inventamos pra existir. Eu escrevo todos os dias. E se você está aqui, me lendo, suspeito que de alguma forma já saiba disso.
É uma alegria imensa saber que, agorinha, você lê essa ousadia de convite, letras que juntei pra te contar que está nascendo um livro novo, um livro que escrevi pra não esquecer que fantasia é uma janela aberta no peito da realidade. Reuni as minhas gentes pra te contar que um dia eu acordei e notei que o sol e o amor ainda dormiam. Achei justo. Não sei se você conhece deus, tampouco sei no que você acredita, mas, se um dia você amou, você já rezou. É um rosário por dentro, água-benta de orixá e todo tipo de benção pagã. Pois, foi ali, quando acabei de escrever um alumbramento assim e levantei a cabeça procurando na linha fina do horizonte uma brecha no tempo para digerir tudo que aquilo era, foi ali que eu disse a mim mesma: “respire o instante de uma linha, se for preciso.”
E era. E foi. E pronto. Era o título do meu livro. Esse nome que também é um convite a você e a mim tantas vezes quantas forem necessárias.
O meu Instante é um livro feito de céu, no tempo da vida de mulheres que estiveram comigo tecendo a delicadeza. É um livro completamente independente, feito pra que você não duvide do poeta Vasco Gato e saiba, sempre, “olhar devagar.”