Amigxs, amadxs, amores,
o projeto que apresento hoje a vocês é do meu terceiro livro: "Vermelho-terra". Ele é fruto de uma viagem a campo feita ao Benim, na África Ocidental, em 2009, para filmar um documentário em Ketu, coração do Pays Nagô, parte do grande reino Yorubá, bem próximo à fronteira com a Nigéria. É meu chuchu atual, ancestral, atávico. Venho incubando o livro há 12 anos e agora, enfim, ele está pronto pra chegar até você.
E por isso nasceu essa campanha de financiamento coletivo. Para que essa viagem feita por dentro e para fora tenha agora novos navegantes. Trazendo textos e fotos, o livro inaugura a Coleção Trilhas (dedicada à literatura de viagem) dentro da La petite ferme, minha modesta-guerrilheira-independente-caseira editora. Sem a colaboração de todes vocês, não temos dinheiro para pagar pela impressão do livro, muito menos pelo trabalho da pequena equipe envolvida. Vem mais nóis, então, formar esse cordão!
Como isso vira livro?
É a história que decide que quer ser contada. Não é decisão da escritora. Por que uma viagem de 2009 só ganhou um primeiro rascunho em 2016 e só em 2021 chega aos leitores? Se eu soubesse... ah, se eu soubesse... Só sei que foi assim. As coisas têm seu tempo. E quando chega esse momento, não há mais como parar a locomotiva.
Acredito que é tempo de ouvirmos e contarmos histórias que falem de uma outra criação possível para nós. Até hoje estou entendendo e decifrando os desdobramentos internos que essa viagem a Ketu provocou na mulher que sou hoje, aqui e agora. Sinto que é tempo de pensarmos e agirmos juntes, no coletivo. É também tempo de lermos mulheres. É sempre tempo de observarmos outras culturas sem julgar. De aprender pelo saber oral. De botarmos os pés – pretos, vermelhos, amarelos, brancos – na terra vermelha e contemplarmos a pegada que deixamos. E a que levamos.